Dor de cabeça

 

Tenho sentido dor de cabeça praticamente 24 horas por dia. Uma dor chata, pujante, insistente e latejante. Que faz pulsar tudo, até meu coração. Especialmente o coração, que se contrai para além do simples bombear e bambeia de um jeito que às vezes parece até que vai parar. Mas ele resiste, insiste e bate, como bate aquilo que açoita minha cabeça e se espalha pelo corpo, que eclode dos meus poros enquanto escorre pelos olhos em forma de choro.

Não sei se por intuição, premonição ou loucura (provavelmente isso), parece que a vida toda fui preparada para esse momento, para aquela hora quando as cortinas fecham e no acender das luzes os personagens se revelam no centro do palco; quando a máscara cai e vemos o quão demasiadamente humano era aquele ser que encenava na verdade uma silenciosa história de terror sem que ninguém visse, ou percebesse. E o choque de observar o enredo turvo é porque, em partes, tudo sempre esteve muito às claras, só que a plateia não foi capaz de enxergar. Faltou malícia, mas a culpa é sempre maior daquele que engana do que de quem se deixou enganar. A responsabilidade também, que inclui o resultado de cada feito praticado, de cada ação, de cada gesto, de cada ato violado.

Durante um bom tempo acreditei na tal “justiça divina”. Hoje, só rogo para que essa dor pare.


Essa crônica pode ser ouvida: ouça caribu.


Clique aqui para acessar o menu completo com todas as histórias.

Ajude esta escritora independenteclique aqui e faça uma doação
Você não precisa se identificar, se não quiser! 💙


Postagens mais visitadas