Ato de subversão

  Ela vem, e vem em ondas galopantes

Não se anuncia, nem se prenuncia; jamais espera um convidar

Arrasa quarteirões enquanto me devasta em ataques e invasões

Estraga meu dia, prejudica minha noite, boicota meu sono, poda meu sonho

(qualquer que seja, ou tenha sido, ou venha a ser)

É um balde de tinta escura num mundo outrora colorido

É um dedo na ferida sempre pulsante e dolorida

É um verdadeiro vandalismo em vida que já foi florida

E não há trava, ou freio, ou meio de parar. Ela vem, em galopes atordoantes, destinada a me alcançar

E me rende, me laça, me amassa e me ofende

É a besta fera, é o desajuste, é a depressão

Sussurra crises que imediatamente me jogam na prisão

Subtraída, sou desvirtuada, despetalada, usada como vudu na minha própria maldição

E enlouqueço, consumida em brasa – como se ela fosse fogo e eu, mero carvão

Eu sou a sua diversão. Sou a sua alegria, sua ordinária distração

E embora tente fugir, eu tento voar, buscar inspiração

Ela me puxa, ela me suga, ela me toma como sua perversão

Não há escapatória, não há saída para o labirinto que sou eu

Me desgasto enquanto ela diz: “nesse rolê você se fodeu”

Meu ato de subversão, então, se resume a este poema

Minha única opção, se vivo enlameada no problema.

 


Este poema pode ser ouvido: ouça caribu.


Clique aqui para acessar o menu completo com todas as histórias.

Ajude esta escritora independenteclique aqui e faça uma doação
Você não precisa se identificar, se não quiser! 💙



Postagens mais visitadas