cancelada
Cancelei minha
internet. Consegui, nossa, nem acredito. Só quem já passou uma tarde inteira
sofrendo com call center sabe a alegria que dá proferir uma frase
dessas. Cancelei a minha internet e levei só algumas horas de poucos estresses
para tal feito, concluído com sucesso após quatro longas tentativas.
Depois que as
constantes falhas de conexão me inspiraram a escrever um conto e até uma
crônica, a vida me empurrou de maneira definitiva na direção de trocar de
operadora e meu coração já estava disparado na primeira ligação – que eu sabia
que seria em vão, mas não imaginava que desligariam na minha cara, diante da minha
justificativa para o cancelamento. No caso, aleguei: “quero cancelar porque é
uma bosta, vive caindo, não aguento mais essa vida”. O atendente de nome
Vinícius deixou a linha muda por quase dez minutos, mas certamente me ouviu o
xingando, instantes antes de “derrubar” minha ligação.
A segunda tentativa
foi atendida por uma pessoa de nome Roberta, que falava rápido e com sotaque.
Perguntou o motivo do cancelamento e eu disse que era porque estava sem
dinheiro para pagar a fatura. Péssima ideia; a bonita me transferiu para outro
setor, não o do cancelamento, e a ligação caiu durante a transferência.
A terceira
pessoa eu não entendi nem o nome e nem o que ela dizia, e aí quem desligou fui
eu. Puta da vida!
Quem me salvou no
final foi uma moça que não entendi o nome e, ao alegar o motivo, fiz até voz de
choro para justificar o cancelamento. “Moça, por favor, só me ajuda, quero
cancelar isso, eu imploro”. Na cabeça, mil desculpas que envolviam morte, Covid
e até uma mudança de endereço, que não é real, caso ela dificultasse o
cancelamento. Foram 26 minutos do primeiro toque ao recebimento do e-mail com a
confirmação de retirada dos equipamentos, marcado só para o dia 29. Depois
foram mais sete minutos, para a finalização do pedido.
Essa crônica,
curta e sucinta, não reúne em suas poucas linhas a alegria que tenho em contar
meu grande feito de 2022, até aqui. Mas deixa registrada essa mudança de página
nos capítulos dos meus dias, até então navegados numa internet parca, registrada
no nome de outra – registrada no nome de ex, que é muito pior.
Sim, porque além
de cancelar eu fui a adulta responsável pela contratação de uma nova internet –
e fui tão gente grande que fiz o contrato no meu CNPJ. E ainda bati o pé quando
o cara quis instalar o modem na sala, e não no quarto. Fiz ele puxar o cabo de
fibra ótica até o fundo do apartamento, que ele puxou meio igual ao cu, mas fez
funcionar e é isso que vale. Agora é esperar um mês para pagar o novo boleto
com o nome da firma.
Não sei para
você, mas para mim, a felicidade está nos pequenos feitos. A gente precisa
comemorar todas as nossas pequenas conquistas. A vida é feita disso.
No meu pódio de
conquistas, 14 de março já está registrado como “o dia do cancelamento feito
com sucesso depois de algumas tentativas”.
Essa crônica pode ser ouvida: ouça caribu.
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