Caminhão de grelo (conto erótico)
- Você sabe que não
é nenhum Don Juan – ela diz, me olhando impertinentemente nos olhos. Tinha um
ar um pouco petulante que combinava com suas roupas chiques e seu penteado
impecável, sua pose elegante de mulher da alta sociedade, intocável, quase
imperturbável. Exceto para mim, sabíamos.
Ainda assim,
talvez por hábito, me encarava daquele jeito – como se eu fosse uma qualquer,
ou como se ela realmente vivesse em um pedestal, vendo o mundo lá do alto de
sua arrogância. Os braços estavam cruzados em cima do peito, cobertos por uma fina
camisa de seda, numa posição meio desafiadora, e seu relógio dourado brilhava
conforme ela respirava, de maneira um pouco nervosa, e refletia a luz amarela do
poste que batia nela. Atrás, perto da esquina, seu carro importado azul e
reluzente completava a cena. Estava escurecendo, já passava das sete, mas eu
sentia o ardor vindo de seus olhos, como o fogo que queimava no adesivo na
porta do meu caminhão. Tão inofensivo quanto.
Ela queria me
provocar falando aquilo, eu sabia. Mulheres enciumadas tendem a atacar assim, e
aquela não era a primeira cena do tipo que eu era obrigada a lidar. Não
encerrei o assunto de imediato só porque gostava daqueles joguinhos, tipo gato
e rato. Comeria uma rata nessa brincadeira, com pedigree!, e lamberia os beiços
no final.
- Don Juan?
Sério? Eu nunca disse que era um – respondi, dando um trago forte no cigarro. A
brasa vermelha iluminou parcialmente meu rosto, meus olhos sérios, e continuei
falando, ainda em tom tranquilo, com o cigarro entre os lábios, soltando a fumaça
no meio da frase – Mas todas me amam, o que eu devo fazer?
- Não chamaria
de amor... – ela resmungou, abaixando a cabeça. Pareceu se arrepender do que
disse assim que se ouviu falando aquilo, mas se manteve quieta mesmo assim. Era
orgulhosa! Talvez por isso fosse uma das minhas preferidas, sempre adorei as insolentes.
Me dava prazer domá-las. Dobrava diariamente mulheres como ela; comiam todas na
palma da minha mão.
- Você continua
aqui – a lembrei, e estalei os dedos, chamando sua atenção. Queria que me olhasse.
Dei mais uma tragada e a fumaça deu uma pirueta na frente do meu rosto, antes
de ser aspirada pelos meus pulmões – E vai me encontrar cada vez que eu surgir
no seu caminho – continuei, agora sem olhá-la. Sabia que tinha a sua audiência
e por isso me virei para o lado, meio desinteressada. Meu gestual era
orquestrado com minhas palavras e minha autoridade ali. Soltei a fumaça olhando
para cima, fazendo um círculo com a fumaça remanescente – Não importa a hora,
ou o lugar. Você vai continuar atendendo aos meus chamados, como sempre fez até
agora. Não é verdade?
- Sim... – ela responde,
rendida, a voz parecendo quase um chiado. Seu corpo então finalmente se
desmontou, e assumiu uma posição mais passiva, menos combativa. Os braços tombaram
em direção ao chão, assim como sua cabeça, submissa. Nem precisava de todo
aquele teatro para saber quem tinha vencido a discussão.
- Ótimo. Agora
venha cá – a chamei, e vi uma breve insegurança lampejar em seus olhos, quando
me olhou de relance. Mas ela tratou de desviar o olhar, provavelmente porque
percebeu que eu tinha reparado em sua hesitação. Ainda assim veio, caminhou
dois ou três passos em minha direção, o salto ecoando pelo beco, os olhos
presos no chão, a boca meio entreaberta com a língua molhando os lábios, um
pouco ansiosa. Atirei o cigarro no chão e o deixei ali queimando – Estamos
perdendo tempo com essas bobagens – alertei, enfiando a mão direita dentro de
sua calça, as costas dos dedos roçando no tecido da calcinha até chegar no
ponto desejado. Ela não disse nada, nem gemeu, mas abriu um pouco as pernas,
facilitando meu acesso. Estava molhada e quente, os pelos pingando de tesão – Falando
amenidades, quando nosso foco é outro.
- Eu... – ela começou,
mas a interrompi. Sabia o que diria.
- Shiu – apertei
seu clitóris entre dois dedos, e ela se calou no mesmo instante, a cintura se
virando brevemente em minha direção. Estava com o grelo inchado, e segurei mais
forte porque ele deslizou um pouquinho (meus dedos já estavam molhados). Ela
soltou uma respiração descompassada entre os dentes, mas se controlou quando a
encarei. Conhecia as regras, afinal – Não estou entendendo esse falatório –
enfiei a mão esquerda por trás, dando uma levantada em seu corpo, que se
afastou alguns centímetros do chão. A surpresa dela com o gesto veio em forma
de um suspiro curto. Encaixei a ponta do dedo médio firme no períneo, a mão
toda preenchida com a bunda dela, e apertei quando gemeu. Quase a senti se
roçar em minhas mãos, mas se conteve, se permitindo apenas se depositar inteira
em meus dedos, satisfeita por se apresentar tão molhada (sabia que eu apreciava
demonstrações assim). Por um instante, quase pareceu que olharia para os lados,
preocupada com um possível movimento naquela rua erma. Mas seus olhos ficaram presos
em mim, todo o tempo – Isso, agora eu quero que você contraia – eu disse, e ela
contraiu, à princípio de maneira involuntária, porque logo soltou – Eu disse “contraia”
– repeti, e apertei novamente seu clitóris, antes de descer minha mão e encaixar
a face dos meus dedos maiores em sua entrada, que contraiu por me sentir ali –
Ótimo. Contrai mais. Mais. Assim. Mantém.
Aquela era uma
ordem familiar, era comum exercitarmos movimentos parecidos com ordens
semelhantes em ruas aleatórias. Sabia como aquilo a lubrificava, sempre
escorria quando aqueles exercícios de contração eram feitos. Eu contraía junto,
algumas vezes, e não aguentava tanto tempo. Mas ela só podia soltar quando eu
mandava, e por isso me encarava com aquele desespero nítido depois de alguns
segundos, o corpo todo contraindo sem querer, já começando a tremer. Apertei o
dedo para dentro dela, quando pareceu que estava cedendo.
- Por favor –
ela pede, num sussurro. Se segurou com as duas mãos em meus ombros, apertando
minha carne com a ponta dos dedos (as unhas bem feitas cheiravam a esmalte
fresco). Subiu um pouco na ponta dos pés, enquanto se contraía, e me apertava. Ela
era como essas madames que se vê passeando pelo shopping no meio da tarde, cheia
de sacola de grife, só que ardendo de tesão, e na minha mão, literalmente. Aquele
desespero com que me olhava era o que mais me excitava. Gostava de castigá-la,
também desta maneira, porque sabia que ela ficava igualmente excitada por ter
que me obedecer; por eu comandar o seu tesão – Por favor, não aguento mais. Deixa
soltar, por favor – ela pede, contraindo mais forte quando apertei novamente a
entrada de sua vagina, o dedo atrás pressionando o cu, que se contraía junto (parecia
piscar).
- Viu como
sempre dá para aguentar mais e contrair mais? – eu provoco, só para mostrar que
ela obedecia às minhas vontades, não às dela – Segura mais um pouco, para você
ver como consegue. Isso. Muito bem. Agora solta. Assim, relaxa – sinto seu
corpo amolecer por um instante, e se retrair antes de eu voltar a falar, poucos
instantes depois – Muito bem, contraia novamente, vamos. Isso, forte, senão não
te dou o que quer – eu falo, sentindo minha mão ser inteiramente abraçada por
sua buceta molhada, apertada – Muito bem. Assim. Mantém.
- Eu não vou
aguentar – ela resmunga, e sente minha mão subir apenas para beliscá-la mais
uma vez. O grelo a esta altura já estava maior.
- E vai fazer o
quê?, vai gozar? – pergunto entredentes, apertando seu clitóris com mais força.
Ela se calou, e aquela era exatamente a resposta que eu estava esperando –
Muito faladeira, muito – solto o beliscão e ela suspira, aliviada, quando o
sangue volta a circular livremente irrigando a região, por um instante
relaxando todos os músculos – Não mandei você soltar – eu digo e tiro as duas
mãos de repente, sem anunciar.
- Não – ela diz,
um pouco ofegante, meio em choque. Finalmente olhou para os lados, um pouco preocupada
de ser ouvida (talvez até mais do que ser vista, simplesmente) – Não, por favor
– ela puxa a gola da camisa do meu uniforme, seu hálito quente lambendo a minha
boca. Segurei sua mão antes que segurasse a minha – Por favor, foi sem querer,
eu...
- Já chega – eu disse.
Balancei a cabeça em negativa, depois de alguns segundos em silêncio, antes de
soltá-la, apenas para ela ver que tinha falhado – Você desperdiçou a sua
chance.
- Não, por favor
– ela insiste, puxando minha mão novamente para dentro de sua calça.
- Você está se
humilhando desse jeito. Por favor, pare – falo, segurando novamente seus braços
no ar – Está muito cheia de vontade, não foi assim que te ensinei – complemento,
abrindo a porta do caminhão – Não é desse jeito que eu quero você. Voltamos a
nos encontrar quando aprender a se comportar direito.
- Não, deixa eu me
redimir, por favor – ela se antecipa, e sobe o degrauzinho do caminhão. Ficou
uns instantes olhando para baixo, fazendo um movimento com a mão, e antes de se
abaixar para a frente abaixou a calça e a calcinha, e se ofereceu de costas
para mim, as pernas presas na roupa enroscada no meio da coxa.
- Você sabe que
pode ser flagrada assim, né? Com as calças literalmente arriadas – eu me
divirto com a cena, e dou um tapa estalado na sua bunda, quando ela se ajeita
de um jeito que a deixou toda empinada na minha direção – Gostosa – completo, a
lambendo inteira, abrindo suas nádegas para encostar a língua na entrada da
buceta, no pé do clitóris, desde lá de baixo, até o cóccix, apontado para a
minha boca – Contrai essa buceta, gostosa – enfio dois dedos dentro dela, sem
anunciar, que deslizam até o fim. Senti ela se fechando inteira, me segurando
ali dentro – Mais, que eu sei que você consegue. Vai, contrai mais forte – dou outro
tapa, agora no outro lado, para os dois ficarem vermelhos – Se você soltar sem
eu mandar vou te deixar de castigo, estou avisando. Segura.
- Estou! – ela geme,
a voz demonstrando o esforço que fazia.
- Não mandei
você falar. Cala a boca. Contrai mais – dou outra palmada, mais barulhenta, e
vi meus quatro dedos automaticamente marcarem o meio da bunda. Levei a mão
ardida para o clitóris dela, que se movimentou com o meu toque, e mais uma vez
quando não a impedi. Deixei que rebolasse na minha mão, o corpo todo ainda meio
rijo, contraindo os músculos internos, pulsando em volta dos meus dedos
enfiados nela – Muito bem – falo, quando sinto uma torrente brotar e escorrer
para a palma da minha mão – Solta, mas devagarzinho, vai. Assim, desse jeito.
Não falo mais
nada e inicio investidas, secas (ainda que ela estivesse extremamente molhada),
entrando e saindo de dentro dela, os dedos embaixo brincando com o grelinho, na
velocidade que eu sabia que ela gostava.
- Shiu, quieta, sem
gemer. Quietinha, shhh.
Continuei enfiando
meus dedos até o fundo, sentindo que ela contraía agora segundo a sua vontade –
a buceta toda muito mais fortalecida do que quando nos conhecemos, alguns meses
atrás. Ela dava gemidinhos e logo parava, quando lembrava que o silêncio era
para o seu próprio bem – quanto mais quieta ficasse, menos chamaria a atenção
de desconhecidos, possíveis estranhos que eventualmente passassem perto de onde
o caminhão estava parado. Quando gozou se permitiu um suspiro mais ruidoso,
sentindo o cheiro daquele caminhão enquanto abraçava o banco embaixo dela.
- Semana que vem
nos vemos? – ela pergunta, quando finalmente se recompõe, e se veste. Seus
olhos vacilaram em minha direção, e se abaixaram antes que eu a encarasse.
- Muito
faladeira – eu repito, dando a mão para ajudá-la a desembarcar – Nos
encontraremos quando eu quiser, você sabe muito bem como funciona. Fique atenta
aos seus caminhos, posso estar estacionada em qualquer esquina.
- Mas eu...
- Shhh –
interrompo, colocando dois dedos em cima de sua boca, a fazendo se calar. Ela
sorriu e levantou as sobrancelhas, quando sentiu o seu cheiro em minha mão – Se
você por acaso não me ver, outra verá. Portanto, fique atenta aos seus trajetos
– desço a mão até o cós de sua calça e a puxo, dando um beijo demorado em sua
boca antes de continuar – Agora vai, antes que seu marido sinta sua falta – me despeço
dando um tapa em sua bunda, quando ela se vira em direção ao seu carro e vai
embora.
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