Universa (conto)
De todas as
possibilidades, aquelas que a gente nem imagina serem possíveis são sempre as
melhores. Porque nós somos limitadas; a nossa criatividade tem paredes muito
estreitas. A vida, que aqui chamaremos de Universa, é infinitamente mais engenhosa,
inventiva e original. Em partes porque, além de tudo, temos mania de dar
complexidade às coisas simples. O processo, em si, é simples. Mas não cabe nas
gavetinhas que conhecemos – é tão mais grandioso que o nosso entendimento
que é como querer enfiar em fôrmas formatos que são maiores. E aí tudo parece
complexo demais, quase inacessível, intocado.
Ainda assim, eventualmente
acontece de darmos a sorte de nos deparamos com traduções de códigos que estão
diante dos nossos olhos, tantas vezes tão distraídos que nem enxergam o que
está logo aí, logo aqui. E aí acessamos conhecimentos que libertam, que transformam
– e só é conhecimento porque é partilhado. Precisa ser, senão não é
conhecimento; é egoísmo.
Este conto conta
a história de Ana, que longe de ser apenas um palíndromo (apesar de sê-lo),
teve acesso a informações importantes que, neste momento, via caribu, se
transformam em conhecimento. O genuíno, aquele bem simples, quiçá único: você pode
criar tudo aquilo que deseja para a sua vida.
É assim, nessa
simplicidade mesmo. Imagine encontrar um gênio da lâmpada maravilhosa. Seria
bom, né? Imagine agora que você é o gênio e não existe nenhum limite de pedidos
– isso vai segundo a sua própria lista de desejos. De maneira ainda mais
ilustrativa, imagine que há um aparelho na sua mão, um grande cardápio de
Universa, onde você escolhe aquilo que quer. É ao seu gosto!
Mas como isso
parece difícil de se entender, talvez por ser mais simples do que se pinta,
quem sabe ilustrando com a história de Ana fique mais fácil de se compreender
essa lição. E ir além: aplicar na nossa vida, nos valendo desse poder de
criação.
Essa história
começa no ano passado, quando a vida de Ana sofreu um impacto astronômico no
momento em que ela avistou Nebulosa. A gatinha, que se chamava Miau e era
macho, estava no colo de um morador de rua na manhã daquela quinta-feira, dia
02 de dezembro. Ana estava atrasada, o despertador não tocou, o chuveiro
queimou e ela conseguiu derramar o leite fervendo no fogão. Na hora de sair de
casa tropeçou, quase deixou a chave cair no vão do elevador e foi para o
trabalho sem ter certeza de ter trancado a porta. Estava na esquina quando
pareceu ter avistado uma estrela cadente, mas achou estranho, não era nem oito
da manhã. Seguiu o rastro e viu que era um fogo de artifício – um só, daqueles
que estouram com barulho de rojão. Mas esse só iluminou o céu acinzentado e ela
avistou, naquela direção, o homem com o gato.
Seus olhares se
cruzaram – primeiro o dela com o do gato, depois o dela com o do cara. Nessas
negociações silenciosas, também chamadas de destino, Ana aceitou a guarda do
bichano. Virou mãe de gato e nem cantou no telhado. O homem, maltrapilho,
entregou-lhe Nebulosa fazendo antes um breve afago, e numa voz embargada disse
algo como “é seu, vai mudar a sua vida como mudou a minha”.
Ana não foi
trabalhar – claro. Tinha que ajeitar as coisas em casa, acomodar o novo
morador, precisava comprar ração, caminha, brinquedo. Achou uma nota de R$ 20
quando foi ao pet shop. Deixou as janelas todas fechadas, verificou se o gás
estava desligado e torceu para a gata não sentir vontade de ir ao banheiro
antes que ela voltasse com a areia.
Ao retornar viu
Nebulosa acomodada no cantinho da estante da sala. Empurrou dois livros para
isso, um deles caiu aberto. Era um grandão, com ilustrações bonitas, que falava
de assuntos que ela não sabia – nunca tinha lido. O título era “Universa”. Notou
que estava aberto na página 55.
Ao lado de uma
ilustração bonita do universo, leu o seguinte: “crie sua realidade. Vivemos uma
espécie de jogo, de experimentação, onde todos os dias, ao dormir, você tem o
poder de mudar aquilo que deseja. E todos os dias, ao acordar, seu poder é
criar aquilo que você quer. Isso não é uma possibilidade; é uma realidade, quase
uma regra desse jogo, ainda que você duvide ou não acredite. Essas leis regem
este mundo”.
Ana era do time
das céticas. Se dizia “pé no chão”, mas na real ela era só pessimista. Lembrou
por que não tinha se dedicado ainda àquela leitura: mística demais. Acomodou o
livro longe do gato, que nem se mexeu. Virou para fazer não sei o que e ouviu
um barulho, um estampido. O livro, o mesmo, novamente no chão, aberto agora em
outra página, na 77. Nebulosa a encarava, mas com docilidade no olhar.
Pegou novamente
o livro. Dizia: “ao contrário de nós, que nos valemos de uma linguagem complexa,
com símbolos, e sinais, e sinônimos, Universa tem um idioma reduzido e só diz ‘sim’!”.
Ana levantou os olhos nesse instante. Estava estarrecida. Achou tudo muito
absurdo; ela própria vivia dizendo que queria dinheiro, vivia na pindaíba. Que
história é essa?, por que Universa não a atendia?
Guardou o livro.
Mais no alto. Afagou Nebulosa, que ronronou. Foi pegar a coleirinha, sem guizo,
e antes de prender o adorno no bicho viu o livro, mais uma vez no chão. O vento
da frestinha da janela fez virar a página bem na hora que ela se abaixou:
página 33. Dizia: “A mente cósmica, matéria-prima de tudo e todos, não é
alheia, não é externa; você faz parte dela, eu também faço, e até o gato”. Ana
interrompeu a leitura. Nebulosa miou. Voltou para as linhas: “Universa não é
uma força inacessível, terceirizada. Você é a gênia da sua própria lâmpada, que
é o mundo inteiro”.
Intrigante! “E
uma bobagem, também”, Ana pensou, guardando o livro. Desta vez o colocou
virado, de modo que seria impossível cair. E de fato foi. O livro só voltou a
sair dali alguns segundos depois. A semente do interesse tinha sido plantada, e
Ana agora queria saber qualéqueé de tudo isso aí.
Leu o livro de
cabo a rabo. E de novo. Leu mais uma vez no dia seguinte. E começou a falar com
os amigos sobre o assunto. Mandava mensagens de áudio, fazia chamada de vídeo.
Insistia na importância de se observar a intenção das coisas – é uma tríade:
pensamento, palavra e ação. Parou de desejar querer ter mais dinheiro. Focou no
dinheiro, simplesmente, e alterou algumas coisas na sua vida que a impediam de
alcançar o sucesso que ela queria – que ela queria! Porque essa é a graça de
tudo: cada pessoa quer uma coisa diferente, e as opções não se esgotam. O mundo
é plástico, e moldável, se acabar é só fazer mais.
Hoje Ana e
Nebulosa viajam por aí dando palestras, divulgando as maravilhas de Universa.
Por onde passam deixam um rastro de novas possibilidades, porque inspiram a
mudanças. E talvez tudo comece com esse entendimento, simples, de que não precisamos
de sinais, ou gatos de rua, ou livros específicos que nos mostrem o caminho das
pedras. Esse é um conhecimento arraigado no coração de cada ser vivente neste
planeta. Acesse! Crie o que você quer para a sua vida. Não gaste energia com
aquilo que não quer; invista a sua atenção e receba! Universa quer te ver
feliz!
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