Logo passa!
Vivo um isolamento numa bolha. Sem comoções, isso já faz um certo tempo,
vem de antes da pandemia, da quarentena, da covid-19. Optei por me isolar das notícias
que me irritam, me frustram, me causam qualquer tipo de mal-estar ou indigestão
– ainda que mental. Melhor assim; se eu não me poupo, quem poupará?
Isso vem desde aquele início desses tempos sombrios que vivemos, quando o
mundo pareceu se dividir entre os “de lá” e os “de cá”. E essa separação vai
além de política, não estou falando de sigla de partido. Essa é uma separação moral;
ela é humana. E parece que, até aqui, estamos todos em trincheiras, separados ou
por barreiras enormes de empatia, ou por crateras gigantescas de desdém.
Dotada de um otimismo corajoso, me esforço para acreditar no que dizem
aqueles que afirmam que, passado tudo isso, viveremos num mundo melhor. Mas,
realista que também sou, me flagro pensando que isso talvez seja possível
somente porque, sem as máscaras, a gente vai saber exatamente quem é quem nesse
jogo maluco que nos enfiamos juntos. E, note, não me refiro a esses pedaços de
pano que alguns de nós ainda usa sobre o rosto quando sai de casa em suas
nobres missões de mercado e quitanda.
Não sou do tipo que deseja o mal, na verdade vivo falando que sou uma
bolinha de amor, mas este texto é somente para aquelas bravas pessoas que se
mantêm, até aqui, seis meses depois, trancafiadas, porque o vírus ainda existe,
ao contrário da vacina, que ainda não foi disponibilizada. Falo por mim: eu
mesma tenho vontade de desistir, me sinto meio idiota às vezes vendo fotos de
pessoas conhecidas na praia, na montanha, ou onde quer que o infeliz tenha ido,
despreocupado com o outro, com o próximo (e eu acrescentaria aqui um “consigo
mesmo”, mas que se lasque!). O cuidado e a preocupação sempre vão ser uma via
de mão dupla.
E mesmo que num tom de revolta, esta é uma mensagem que visa a dar força
e esperança para os que, assim como eu, do lado “de cá”, resistem, nessa
batalha invisível, constante e acirrada que nos força o tempo inteiro a
vibrarmos no amor, mesmo sendo tão desafiados o tempo inteiro – às vezes até
por pessoas que amamos.
Logo passa! Resista! Confia! E vibra amor!
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