Emocionada

Num mundo em confinamento, eu, em pleno isolamento, consegui me apaixonar

Não sei o seu cheiro, nem imagino como seja o seu toque, não faço nem ideia de como é o seu olhar

A minha catfish, que já falou até de maxixe, é fanha e gaga (nunca ouvi, mas dá para imaginar)

E aí me pego suspirando, todo o tempo vislumbrando como seria abraçar, sentir, beijar
essa mulher que já até me faz sonhar

Sempre tive discernimento, sou a favor do empoderamento, e a minha batalha é com aqueles do lado de cá

Acredito que só por isso mantenho o discurso do “deixa disso” sempre que penso em furar
essa quarentena feia, que me abate que nem peia e me mantém longe da minha “chave de cadeia” – que ela disse que poderia ser, mas o crime dela é só estudar

Escrevo esse poema ciente de que ela vai me chamar de “emocionada”. Eu nem ligo, tudo bem, deixa estar

Ela gosta dessa veia artística, da minha brisa linguística, sabe que eu sou bruxa, toda mística – sabe até que também vai se apaixonar

E nesse momento da leitura ela vai levantar os olhos e pensar “ah, pronto”, mas depois vai concordar

Pode não admitir, pronunciar, mas eu vou sentir e é nisso que a gente vai se ligar

Eu espero que para sempre, mas ela já avisou: você pode se cansar. Tolinha, mal sabe ela que meu plano é só amar


P.S.: "Catfish" é uma pessoa que cria perfis falsos em redes sociais para enganar pessoas inocentes e fazer com que elas se apaixonem. Um programa, na MTV, com esse nome, analisa esse mundo

  

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