Karma
Sou a fiscal da obra que está
tendo aqui embaixo do meu prédio. Infinita, já dura mais de mês. É muito legal
porque é de segunda a segunda e eles têm VÁRIAS coisas para martelar bem cedo,
a partir das 7h, 7h30. Agora, no momento, devem estar com a missão de chegar ao
centro da Terra porque desde cedo são duas betoneiras aparentemente incansáveis.
Nesse meu isolamento tenho
mantido contato próximo com alguns amigos, e me esforço para enviar áudios
porque se não faço isso fico muda (sempre fui faladeira, conversadeira). O
pouco que converso com a gordinha não é suficiente para aquecer minhas cordas
vocais, então dá-lhe áudio.
E eis que recebo uma mensagem
agora dizendo “nossa, e você aí, super tranquila com essas máquinas que parece
que estão dentro da sua casa!”.
Não estou tranquila, mas gritar
seria pior.
É incrível a nossa capacidade de
adaptação. O som irrita? Demais! Mas basta que isso irrite, né.
Semana passada tive que sair, vi um
cara perto do portão, aproveitei: “moço, e essa obra? Acaba quando?”. Ele riu e
disse “ixi”.
Deve demorar mesmo para fazer um
estacionamento subterrâneo (que é uma possibilidade também). E olha que já
acompanhei etapas longuíssimas que envolveram a reforma do telhado, a
instalação de aparelhos de ar condicionado e até a pintura (que não fez
barulho, mas acompanhei também).
Sou quase a guardinha da rua! Só
não recebo para isso.
É engraçado porque falar isso
pode gerar na sua cabeça a imagem daquelas fofoqueiras que vivem com os
cotovelos na janela. E é quase isso! Mas numa versão moderna porque das 20 tatuagens
que tenho pelo corpo, dez são em apenas um dos braços.
O triste de tudo, só para amarrar o assunto, é que uns dias atrás fiz piada sobre o fato de um vizinho estar aprendendo a tocar piano. Fiz piada, mas me irritava aquilo, aquele plimplimplim. A vida sabe ser sarcástica!
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