Bis!

Tenho pendurado no pescoço um pingente que reproduz um mouse, de computador. Muito bonitinho, me custou alguns vários reais numa loja de grife. Mas valeu à pena, é uma peça única, e combina muito comigo. Quando me perguntavam, eu dizia que sou tecladista numa banda chamada Internet.

Algumas pessoas acreditavam e isso automaticamente me fazia lembrar de uma comunidade do saudoso Orkut, da qual eu fazia parte, que dizia: “o problema de ser irônico é que quando a outra pessoa não entende, o idiota é você”. Parei de falar, mas me sinto mesmo uma tecladista. Uma performista. Toda montada!

Toco em ritmos incríveis, e possuo habilidades especiais no solo de dois dedos (ui!). E dependendo da trilha sonora (sempre tem! Varia conforme o humor, que varia bem também!), vou no ritmo mesmo, e as palavras saem cantadas, tocadas, orquestradas. É um musical, é um show de rock, é um coral!

Sim, meu teclado é aquele de computador. Minha banda é na internet, mas faço altas performances no meu karaokê chamado Word. Já faz um tempinho. Faço coisas com esses dedos que você nem acredita!

Meu primeiro contato com um teclado foi num modelo mais arcaico: era uma máquina de escrever bem antiga que tinha no terraço da casa do meu avô, que era um acumulador. Eu amava aquele lugar! Me perdia por horas mexendo nas quinquilharias, saía de lá imunda, os pés (sempre descalços) ficavam pretos. A máquina de escrever era a minha bugiganga preferida; hoje ela mora no rack da minha sala.

O som daquelas teclinhas transmitia uma familiaridade que eu não entendia. Mas apreciava. Rolava ali alguma identificação.

Nas tardes que ficava enfurnada naquele terraço, “escrevendo”, dedicada, eu me conectava com a mesma mulher que hoje dedilha em teclas macias, ao som de folk. É incrível fazer parte de tudo isso! É um verdadeiro show!

Ultimamente tenho feito algumas apresentações, aqui. Sei que tenho um público (você!) que se interessa pelas minhas performances. Às vezes pode parecer que me apresento sob um véu, mas saiba que sempre me manifesto inteiramente nua, pois estou realmente despida de tudo, e com os pés um pouquinho no chão.

É um prazer para mim!


 

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