Fundo musical
Meu vizinho de cima começou a aprender
piano nessa quarentena.
Eu acho ótimo, dou todo o meu
apoio.
A gente tem que fazer o que dá vontade
mesmo, fodam-se os outros [contém ironia].
Então já faz um tempinho que
tarefas simples dentro de casa têm todo um pano de fundo musical. Um
oferecimento: morador do 51.
Lavar a louça: plim, plim, plom,
plom. Varrer a casa: plom, plim, plom, plim. Molhar as plantas: plom, plom,
plim, plim.
Acredito que esteja sendo um bom
investimento porque passados três meses ele já saiu do “dó ré mi fá, fá fá”, evoluiu
do “Parabéns pra você” para “Atirei o pau no gato”, e agora arrisca canções que
desconheço. Quando vejo estou batendo o pezinho no chão, no ritmo.
Eu sou bastante musical, sou
quase uma passarinha, estou sempre assoviando, tomo banho cantando (bem
clichezona), tenho um DJ particular na minha cabeça que manda sempre os
clássicos, quando eu nem estou esperando nada. Mas mesmo assim quando preciso
me concentrar no trabalho, desligo tudo – me desligo.
Mais ou menos.
Porque quando vejo estou batendo
o pezinho no chão, no ritmo do “plim, plim, plim” do vizinho de cima, e do “toc,
toc, toc” do vizinho do lado, o picadinho.
Uma bandinha.
Na próxima reunião de condomínio
vou sugerir que mudem o nome do prédio para Fundo Musical.
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Você não precisa se
identificar, se não quiser! 💙
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