A lambida
Assim que cheguei a vi. Ela se
destacava, quase iluminava. Radiante, no meio de tantas outras; única,
especialmente por isso. Meus olhos se hipnotizaram na sua beleza.
Ela fingiu não me notar. Ou foi
assim que interpretei. Talvez eu fizesse o mesmo se fosse ela!
Mas a atração era tão
irresistível que quando dei por mim estávamos próximas. O suficiente para ela
perceber minha respiração descompassada, meu coração batendo forte, meu corpo
inteiro vibrando de amor, de admiração, de perplexidade. Muitas vontades que
mal cabiam em mim.
Linda, ela era também
convidativa. Eu notei o seu sorriso quando me abaixei um pouquinho para sentir
o seu cheiro. Respirei tão fundo que quase fiquei tonta. E, não me contendo, quis
sentir o seu gosto (que gosto?).
Encostei primeiro só a pontinha
da língua e me esforcei para absorver aquela experiência que, na verdade,
afetava todos os meus sentidos. Notei sua temperatura, degustando, saboreando.
Puro deleite!
Naquele momento éramos somente eu
e ela, e aquilo tudo.
Eu queria engoli-la. Mas pareceu
despropositado, então só lambi. Ali e um pouco mais para cima; ali de novo e um
pouco mais para baixo. Lambi atrás também.
Deliciosa! Toda molhada!
Pingando, literalmente!
Ao final pedi desculpas às
demais. Não me comprometeria a lambê-las também. Era muito para mim (e nem
todas são tão gostosas, confesso). Mas também não me comprometi de maneira mais
oficial com aquela (apesar de ela saber que meu coração é seu).
Para fins de registro, seu nome é Jimmy Roll, e ela é da espécie jiboia (uma das minhas preferidas no meu jardim!). É comum que essa planta fique com uma gotinha da rega nas pontinhas das folhas (a coisa mais linda!!). É comum eu lamber minhas plantas também.
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